Porque a Igreja celebra o Domingo da Alegria no Advento?
Alegrai-vos! Alegremo-nos! O Senhor está perto! Está próximo o Natal; está próxima a Vinda do Senhor
Alegrai-vos! Alegremo-nos! O Senhor está perto! Está próximo o Natal; está próxima a Vinda do Senhor
Dom Orani João Tempesta*
A tradição litúrgica da Igreja chama o Terceiro Domingo do Advento de Gaudete, o domingo da alegria, porque a antífona de entrada começa com o imperativo: “Alegrai-vos!”, e o texto da segunda leitura também inicia com o “Estai sempre alegres”. Essa antífona de entrada exclama: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo: alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl 4, 4.5). Como expressão dessa alegria, pode-se usar, no lugar do roxo, a cor rósea, no tom conhecido como “rosa antigo”. É um roxo suavizado, que exprime a exultação pela aproximação do Santo Natal. Alegrai-vos! Alegremo-nos! O Senhor está perto! Está próximo o Natal; está próxima a Vinda do Senhor; está próximo de nós o Salvador nosso nos diversos momentos de nossa existência! Ele não é Deus de longe; é perto: seu nome será para sempre Emanuel, Deus-conosco!
Muitos procuram a alegria no pecado, em futilidades, e mesmo alegrando-se com coisas que valem a pena, se esquecem de que toda alegria neste mundo é passageira. “Quanto a vós, caríssimos, alegrai-vos com tudo quanto é bom e louvável, mas colocai vossa maior e definitiva alegria no Senhor!” Somente Nele o coração repousa plenamente, somente Nele encontra-se a paz que dura mesmo em meio à tribulação mais dura, somente Nele o anseio mais profundo de nossa alma. Alegrai-vos! Que seja o Senhor o fundamento da vossa alegria, a causa última da vossa exultação!
Caríssimos, eis a causa da nossa alegria! Nós, os cristãos, temos direito de nos alegrar, mesmo diante das dificuldades encontradas no dia a dia; temos o dever de manter a esperança, mesmo quando as possibilidades humanas fracassam; temos a oportunidade de continuar esperando ainda quando os nossos cálculos mostrem-se errados. Porque nossa esperança e certeza não se fundam em nós nem em nossas possibilidades, mas Naquele que vem, Naquele que o Pai do céu nos envia, Naquele que nunca conseguiremos conhecer totalmente, o Santo Messias do Pai, Jesus, nosso Deus-Salvador. Isso nos recorda o Papa Francisco no documento programático “Evangelii Gaudium”.
O cristão leva a alegria dentro de si por que encontra a Deus na sua alma em Graça. Esta é a fonte da sua alegria! Não nos é difícil imaginar a Virgem Maria, nestes dias do Advento, radiante de alegria com o Filho de Deus no seu seio. A alegria do mundo é pobre e passageira. A alegria do cristão é profunda e capaz de subsistir em meio às dificuldades. Daí também a nossa preocupação quando a sociedade atual esvazia o verdadeiro sentido do Natal para se concentrar naquilo que é passageiro. A alegria cristã é compatível com a dor, com a doença, com o fracasso e as contradições. “Eu vos darei uma alegria que ninguém vos poderá tirar” (Jo 16,22), prometeu o Senhor. Nada nem ninguém nos arrebatará essa paz gozosa se não nos separarmos da sua fonte.
O Senhor pede que estejamos sempre alegres! Só Ele é capaz de sustentar tudo na nossa vida. Não há tristeza que Ele não possa curar: “Não temas, mas apenas crê” (Lc 8,50), diz-nos o Senhor. Uma alma triste está à mercê de muitas tentações. Quantos pecados se têm cometido à sombra da tristeza! Por outro lado, quando a alma está alegre, abre-se e é estímulo para os outros; quando está triste obscurece o ambiente e faz mal aos que estão à sua volta. Não nos deixemos roubar a verdadeira alegria!
Resta-nos, então, escutar com atenção o conselho do Apóstolo: estar sempre alegres em Cristo; com os olhos fixos Nele; orar sem cessar, buscando realmente ser amigo íntimo do Senhor, dando graças em todas as circunstâncias, sabendo que Ele está próximo de nós, nunca longe de nossas aflições e desafios. “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com o Jesus”.
“Convido todo cristão, em qualquer lugar e situação que se encontre, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de se deixar encontrar por Ele, de procurá-Lo dia a dia sem cessar. Não há motivo para alguém poder pensar que este convite não lhe diz respeito, já que “da alegria trazida pelo Senhor ninguém é excluído” (EG 1 e 3).
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*Cardeal Orani João Tempesta é arcebispo da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Foi criado Cardeal-presbítero, com o título de Santa Maria Mãe da Providencia no Monte Verde no Consistório Ordinário Público de 2014 realizado no dia 22 de fevereiro de 2014. Nomeado membro do Pontíficio Conselho para os leigos no dia 06 de fevereiro de 2014
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