O corpo de Cristo
le se fez não apenas pão e vinho, mas se fez refeição, porque a Eucaristia não é só a Hóstia Consagrada, é comer esse Pão e esse Vinho divinizados. Por que será?
O corpo humano precisa de alimento: para crescer, para se manter em forças, e para recuperá-las quando as perde. Mesma coisa o espírito do homem; alimento espiritual que faça crescer, mantenha as forças espirituais e ajude a recuperá-las quando o pecado as destroçar. Por isto escolheu essa forma tão simples de ficar conosco, tão perto de nós, tão ao nosso alcance. Se fez comida e bebida na Eucaristia. Fonte de nossa vida, fonte de nossas energias para a caminhada rumo ao Pai.
Mas há mais coisas ainda nas razões da escolha de Cristo, que a gente vai descobrindo ao se achegar a Ele. Ele se fez não apenas pão e vinho, mas se fez refeição, porque a Eucaristia não é só a Hóstia Consagrada, é comer esse Pão e esse Vinho divinizados. Por que será?
Não é difícil entender. Desde que o mundo é mundo, a refeição tomada em comum sempre teve para os homens um significado maior do que o ato material de comer. É um instrumento de partilha, uma expressão de amizade, uma ocasião de se estreitarem laços de fraternidade. A família unida pelo amor procura sempre que possível tomar em comum a sua refeição: … todos ao redor da mesma mesa, servindo-se do mesmo prato, retemperam suas forças físicas enquanto no diálogo e na partilha vão crescendo também nos laços de união. É com o comer e beber em companhia que os homens celebram suas festas de alegria, aniversários, casamentos, promoções. E tantas outras considerações poderíamos fazer ao redor desse ato aparentemente banal: a refeição.
Mas foi exatamente por isso que Cristo o escolheu, para ser o sinal eficaz de sua presença no meio de nós, unindo-nos a Si com os laços mais íntimos. Se nós nos alimentamos do mesmo Cristo, Ele nos une também intimamente uns aos outros, como irmãos Seus. E o Seu sangue passa a circular em nossas veias (em sentido espiritual, é evidente), percorrendo-nos a todos como membros que somos do mesmo Corpo, o Seu Corpo Místico. Ele se torna a fonte da Vida que nos vivifica, o laço de união que nos une a todos.
Maravilha das maravilhas. É a Igreja, no seu sentido mais profundo, que brota da Eucaristia, e que dela se alimenta e cresce.
Mas… e se não houver união entre nós? E se os elementos de divisão e separação (o pecado) predominarem? Que direito nós teremos de colocar um gesto que por si significa união (entre nós e com o Cristo)? Como poderemos comungar com o Cristo se não comungarmos entre nós, todos nós? É o terrível alerta que São Paulo nos lança: “Todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente, será réu do corpo e do sangue do Senhor. Examine-se cada qual a si mesmo e, então, coma desse pão e beba desse cálice. Aquele que come e bebe, sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação” (1Cor 11,27-29).
Precisamos desse alimento divino; se não, morreremos à míngua. Mas precisamos recebê-lo com as devidas disposições; se não, nos condenamos a nós mesmos. E a exigência principal é que haja em nossa alma aquela disposição fundamental de amor que foi o cerne de toda a vida de Cristo e que Ele, vivo, ressuscitado, quer nos comunicar.
Formação/2004
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