02/12/2015

Esse é o ano da misericórdia e do perdão, diz Papa sobre o Jubileu

Francisco concedeu entrevista à revista oficial do Ano Santo, “Credere”, contando motivações para o jubileu e experiências pessoais com a misericórdia divina

Francisco concedeu entrevista à revista oficial do Ano Santo, “Credere”, contando motivações para o jubileu e experiências pessoais com a misericórdia divina

Jéssica Marçal
Da Redação

O Papa Francisco concedeu entrevista ao semanal “Credere”, revista oficial do Jubileu da Misericórdia. Entre os temas abordados, o Santo Padre conta como surgiu a ideia do Jubileu e fala da misericórdia divina, ilustrando o tema com experiências pessoais que viveu em sua adolescência.

Francisco explicou que o Jubileu da Misericórdia não foi, na verdade, uma inspiração sua, já que o tema da misericórdia é antigo na Igreja e vem sendo reforçado desde Paulo VI. Maior ênfase ainda foi dada no pontificado de João Paulo II, que instituiu a Festa de Divina Misericórdia.

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“Nessa linha, senti que há um desejo do Senhor de mostrar aos homens a sua misericórdia”, disse o Papa, que abordou esse tema logo no início do seu pontificado, no primeiro Angelus e na sua primeira homilia.

“Estamos habituados às más notícias, às notícias cruéis e às maiores atrocidades que ofendem o nome e a vida de Deus. O mundo precisa descobrir que Deus é Pai, que há misericórdia, que a crueldade não é o caminho, que a condenação não é o caminho”, explicou o Pontífice. “Creio que este é o momento da misericórdia, é o ano do perdão, é o ano da reconciliação”.

A misericórdia na vida de Francisco

Na entrevista, Francisco reiterou que é um pecador, para quem Deus olhou com misericórdia. Ele se confessa a cada 15 ou 20 dias porque tem a necessidade de sentir que a misericórdia divina está sobre ele.

O Papa contou uma experiência marcante que teve com a misericórdia divina. Aos 17 anos, ele se deparou com um padre desconhecido e teve a vontade de se confessar. Francisco conta que saiu transformado da confissão, com a certeza de que deveria se consagrar a Deus. O padre desconhecido acompanhou Francisco por quase um ano e morreu no ano seguinte de leucemia. A morte do padre chocou o Papa.

“Depois do funeral, chorei amargamente, me senti totalmente perdido, como com medo de que Deus tivesse me abandonado. Este foi o momento em que me deparei na misericórdia de Deus e isso está muito ligado ao meu mote episcopal”.

A descoberta de um Deus emotivo

Em uma outra pergunta, Francisco responde sobre a imagem “emotiva” de Deus que aparece na Bíblia, uma imagem às vezes diferente do que o homem costuma imaginar. O Papa acredita que a descoberta desse Deus que também se comove levará a humanidade a ser mais tolerante, paciente e terna.

“A revolução da ternura é aquilo que hoje devemos cultivar como fruto desse ano da misericórdia: a ternura de Deus para com cada um de nós. Cada um de nós deve dizer: ‘sou um infeliz, mas Deus me ama assim; então eu devo amar os outros do mesmo modo’”.

A entrevista com o Papa terminou em tom de mistério. Perguntado sobre os gestos que ele pretende realizar durante o Jubileu para testemunhar a misericórdia de Deus, ele respondeu: “Haverá muitos gestos, mas uma sexta-feira de cada mês farei um gesto diferente”.

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