09/06/2021

Cristianismo: relíquias sagradas devem ser consideradas patrimônio cultural

Portugal abriga hoje “o principal centro e depósito de relíquias para estudo, conservação, reautenticação e exposição devocional” fora do Vaticano: a “Regalis Lipsanotheca” fica no Castelo de Ourém, em Fátima.

Portugal abriga hoje “o principal centro e depósito de relíquias para estudo, conservação, reautenticação e exposição devocional” fora do Vaticano: a “Regalis Lipsanotheca” fica no Castelo de Ourém, em Fátima. Uma equipe especializada no gênero trabalha para auxiliar santuários, museus, universidades e dioceses com as relíquias sagradas que, segundo o fundador e curador português Carlos Evaristo, “são um tesouro espiritual e cultural que estão nas raízes do cristianismo e, por isso, devem de ser consideradas patrimônio mundial”.

A Regalis Lipsanotheca no Castelo de Ourém, em Fátima – Portugal, “possui o maior acervo de relíquias do mundo, fora do Vaticano, e já contou com as bênçãos de Madre Teresa de Calcutá e da Irmã Lúcia”, afirma o brasileiro Fábio Tucci Farah, um dos curadores do museu – inaugurado no ano 2000 e reinaugurado em 2018 através de protocolo do Ministério da Cultura do país. O fundador do espaço, Carlos Evaristo, um dos maiores especialistas do mundo no assunto, revela que estão em plena fase de restauro e conservação de relicários depositados pelo governo de Portugal, inclusive de corpos de mártires.

Os curadores do acervo, Carlos Evaristo e Farah, com as relíquias da Paixão de Cristo

As origens do apostolado e da Regalis Lipsanotheca

O perito em relíquias conta que esse movimento para criar um acervo começou ainda no final da década de 80, no Canadá, quando foi fundado o primeiro apostolado com o apoio de amigos, mentores e benfeitores. Nos Anos 90, então, nasceu a Cruzada Internacional pelas Relíquias Sagradas (a ICHR – International Crusade for Holy Relics) que “promove a santificação pessoal dos devotos, a propagação das normas da Igreja quanto ao culto, o uso e a veneração das relíquias, além do registro de coleções para a salvaguarda das mesmas”, conta Carlos Evaristo ao Vatican News. Hoje, essa associação de fiéis conta com mais de 5 mil membros, protetores eclesiásticos e capelães em todo o mundo e a Cruzada está “canonicamente erigida em várias dioceses”.

A Regalis Lipsanotheca, em Portugal, além de receber centenas de relíquias todos os anos, é uma base que abriga um centro de estudos, um laboratório, uma biblioteca, um acervo documental e, principalmente, um repositório sagrado de relíquias e relicários a fim de trabalhar “no restauro, na autenticação, na reautenticação e na conservação dos mesmos através do estudo científico e da pesquisa histórica”. Dalí são publicados artigos, escritos livros e fornecida ajuda para a produção de catálogos para exposição de relíquias. Hoje há normas que a Igreja colocou em vigor para as relíquias, por exemplo, explica Carlos, que foram propostas pela Regalis Lipsanotheca ao Vaticano em 1991. Um exemplo é a decisão de não se autenticar mais relíquias anteriores ao Século IV “com emissão do documento chamado Autentica”, porque elas “são ‘de tradição’ e, por isso, não podemos dizer com toda a certeza que são o que reportam ser, embora seja muito provável que sejam, e os estudos científicos a sustentem”.

“Hoje trabalhamos pela valorização das relíquias, pois é um sacramental esquecido, e insistimos no seu uso correto, não fanático ou supersticioso, no culto litúrgico e devocional, promovendo isso através de conferências, palestras e estudos publicados. Combatemos também abusos, abandono, a venda e a falsificação e estamos colaborando com vários santuários com relíquias, tais como o de Santiago de Compostela e o de Braga, e ainda com o Gabinete dos Patronos dos Museus do Vaticano para a angariação de fundos ao apoio à conservação deste patrimônio sagrado.”

A importância de valorizar as relíquias

O perito português explica ainda que fazem “parte de Comissões Diocesanas de Relíquias” (inclusive com um projeto para criar um acervo do gênero na Arquidiocese de São Paulo) e ainda ajudam “várias lipsanotecas, museus, universidades, santuários e postuladores” nesse contexto: também “patrocinamos intervenções através das nossas fundações e fornecemos relíquias autênticas da nossa coleção – de dezenas de milhares – para os postuladores, tais como as de São Nuno de Santa Maria e da Beata Maria Cristina de Saboia que não tinham relíquias para distribuição”, revela ele. A Regalis Lipsanotheca, co-fundada por John Haffert e Pe. Carlo Cecchin, tem patrocício de várias Casas Reais, como a Portuguesa, a Brasileira, a Francesa e a Italiana.

“É importante a Igreja hoje revalorizar as relíquias, não só como tesouros espirituais e sacramentais que são como parte dos corpos dos santos que estão no céu, mas também para sabermos que tipo é na realidade: se de primeira, segunda ou terceira classe, se são relíquias daquilo que reportam ser ou relíquias místicas, sobrenaturais ou representativas, tais como imagens milagrosas, algumas das quais surgiram na Idade Média depois com os Presépios e Vias Sacras ao vivo.”

Esse trabalho de análise das relíquias é feito por “uma equipe multidisciplinar de peritos do apostolado que inclui historiadores, arqueólogos, antropólogos e especialistas em vários ramos, incluindo aquele em DNA”, fazendo com que a Regalis Lipsanotheca seja hoje “o principal centro e depósito de relíquias para estudo, conservação, reautenticação e exposição devocional”, finaliza Carlos Evaristo, ao recordar:

“As relíquias são um tesouro espiritual e cultural que estão nas raízes do cristianismo e, por isso, devem de ser consideradas patrimônio mundial.”

Fonte:vaticannews

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