Pudor: o que a Igreja ensina?
por Canção NovaO pudor é essencial para o ser humano É comum ver interpretações equivocadas sobre as questões relacionadas ao que é e como deve se viver o pudor. Muitos pensam que pudor é “apenas” um sentimento de timidez, vergonha ou mal-estar, porém ele vai muito além, já que produz inúmeros proveitos físicos e espirituais, para os […]
O pudor é essencial para o ser humano
É comum ver interpretações equivocadas sobre as questões relacionadas ao que é e como deve se viver o pudor. Muitos pensam que pudor é “apenas” um sentimento de timidez, vergonha ou mal-estar, porém ele vai muito além, já que produz inúmeros proveitos físicos e espirituais, para os que o compreendem em si e o respeitam em seu próprio corpo e na forma de ser e agir.
O que é pudor? A Igreja ensina que “o pudor preserva a intimidade da pessoa. Consiste na recusa de mostrar aquilo que deve ficar escondido. Está ordenado à castidade, exprimindo sua delicadeza. Orienta os olhares e os gestos em conformidade com a dignidade das pessoas e de sua união” (Catecismo da Igreja Católica 2521).
Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Assim, segundo Santo Tomás de Aquino, “o pudor ordena a castidade”, o que conduz a pessoa para uma plena realização no amor. Favorece para o entendimento que o corpo não é um objeto a ser usado e depois descartado, mas um lugar sagrado, pois “acaso ignorais que vosso corpo é templo do Espírito Santo que mora em vós e que recebestes de Deus?” (1 Cor 6,19). Com isso, espera-se que o corpo seja considerado e tratado como tal: templo de Deus.
Sua importância
O Catecismo diz: “O pudor protege o mistério das pessoas e de seu amor. Convida à paciência e à moderação na relação amorosa; pede que sejam cumpridas as condições da doação e do compromisso definitivo do homem e da mulher entre si. O pudor é modéstia, inspira o modo vestir, mantém o silêncio ou certa reserva quando se entrevê o risco de uma curiosidade malsã. Torna-se discrição” (CIC 2522).
Dessa forma, vê-se que o pudor e a modéstia estão intimamente relacionados à pureza. Já que “a pureza do coração exige o pudor, que é paciência, modéstia e discrição” (CIC 2533).
Observando os tempos atuais em relação a esses conceitos de pudor, pureza e modéstia, pode até parecer irrelevante discutir tais assuntos em decorrência da forma de pensar a realidade moderna hoje. Mas, na verdade, é importante e imprescindível saber o que significa e como se porta o pudor, que gera liberdade e é intrínseco em todo ser humano. Pois, ele abrange o íntimo da pessoa, causando reflexões significativas a respeito da pessoa integral.
A Bíblia se refere a questões relacionadas ao pudor; destaco São Paulo que exorta: “a vontade de Deus é que sejais santos e que vos afasteis da imoralidade sexual. Deus não nos chamou para a impureza, mas para a santidade” (1 Ts 4,3.7). E ainda na Carta aos Efésios ele diz que “a imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionadas entre vós, como convém a santos” (1 Ef 5,3).
Portanto, viver as exigências da santidade propostas por São Paulo requer a vivência do pudor, que não aprisiona os afetos e a sexualidade; pelo contrário, ele, dentro da verdadeira liberdade humana, torna coerente e preserva a forma de ser e de agir com discrição quando necessário.
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O pudor é saudável
O pudor bem compreendido e experienciado naturalmente, no dia a dia, é fontículo de maturidade humana e espiritual, porque é algo saudável para todo ser humano.
A Igreja afirma que “existe um pudor dos sentimentos, como existe o do corpo. O pudor, por exemplo, protesta contra a exploração do corpo humano em função de uma curiosidade doentia (como em certo tipo de publicidade), ou contra a solicitação de certos meios de comunicação a ir longe demais na revelação de confidências íntimas. O pudor inspira um modo de viver que permite resistir às solicitações da moda e à pressão das ideologias dominantes” (CIC 2523).
Mesmo em diferentes lugares, o pudor é inerente a todos, pois “as formas revestidas pelo pudor variam de uma cultura a outra. Em toda parte, porém, ele permanece como o pressentimento de uma dignidade espiritual própria do homem. O pudor nasce pelo despertar da consciência do sujeito. Ensinar o pudor às crianças e adolescentes é despertá-los para o respeito à pessoa humana” (CIC2524). Desde a infância até a fase adulta, o pudor é um valor que labora nas diversas etapas de desenvolvimento do ser humano.
Nesta perspectiva humana e espiritual, Santo Agostinho já indagava e depois afirmava que, “quanto ao pudor, quem duvida que ele reside na própria alma, visto ser uma virtude? De onde se segue que não poderá ser arrebatado pela profanação involuntária do corpo”, ou seja, o pudor envolve a pessoa integralmente e não pode ser extinto por nenhum constrangimento, mas sempre participa e colabora qualitativamente na formação do homem.
As ofensas incorridas contra o pudor leva o homem a desnortear-se no emaranhado sombrio, que é a imoralidade. Isso pode gerar escândalos e obscenidade, que são consequências de desregramentos, mas essas desordens podem ser trabalhadas e superadas interior e exteriormente pela virtude essencial do pudor.
Assim, os benefícios do pudor preserva a intimidade pessoal, reordena os olhares e gestos, para que sejam puros; equilibra os relacionamentos, colabora no silêncio e discrição, ajuda para a maturidade afetiva e sexual. Por fim, o pudor é uma virtude que contribui para uma vida espiritual sadia e, consequentemente, para uma vida mais santa.
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