29/10/2019

Precisamos de livros para rezar

por Frei Patrício Sciadini

“Procurai lendo, encontrareis meditando”, este é um dos mais bonitos aforismos de São João da Cruz… 29 outubro 2019 O caminho mais fácil para entrar em comunhão com Deus é, sem dúvida, recorrer a um livro. Os livros são os melhores amigos que temos, silenciosos e sempre disponíveis, ao nosso alcance. É verdade que o […]

“Procurai lendo, encontrareis meditando”, este é um dos mais bonitos aforismos de São João da Cruz…

O caminho mais fácil para entrar em comunhão com Deus é, sem dúvida, recorrer a um livro. Os livros são os melhores amigos que temos, silenciosos e sempre disponíveis, ao nosso alcance.

É verdade que o único mestre é o Senhor, Ele sabe conduzir as almas pelos seus caminhos e, na sua liberdade, educa para a experiência do seu amor. Mas, se o nosso coração se encontra árido, indisposto e incapaz de formular algum pensamento de amor ou se nos encontramos envolvidos na espessa noite, os livros podem vir em nosso socorro.

O livro por excelência

Quais livros devemos ler e meditar e em que consiste a leitura meditativa? Sem dúvida, o livro por excelência é a Palavra de Deus, que deve nos acompanhar em cada momento de nossa caminhada.

Todos os santos tiveram um amor especial para com a Palavra de Deus. Santa Teresa de Ávila dá um conselho precioso às pessoas que não conseguem refletir com a inteligência nem, às vezes, reter as palavras que escutam:

“Por mais curta que seja, a leitura tem utilidade para essas pessoas e é até necessária para que se recolham… Se o mestre que ensina insistir que a oração seja sem leitura (sendo a leitura uma grande ajuda para que essas pessoas se recolham), pessoas assim não conseguem perseverar muito tempo na oração. E, se lutarem, elas sentirão um enfraquecimento, porque o combate é muito penoso” (V 4,8).

É pelo livro que podemos assimilar e fazer nossas as reflexões que o próprio autor desenvolve.

A leitura meditativa

É claro que a simples leitura não pode ser considerada “leitura meditativa”; é preciso um grande amor e atenção ao sentido de todas as palavras e saber delas “extrair”, como abelhas que vão de flor em flor, o néctar gostoso da contemplação.

A leitura meditativa é o primeiro passo que os iniciantes no caminho da oração devem dar. Santa Teresa recorda que passou mais de 14 anos na mais completa aridez e só sentia força e coragem através da ajuda de um livro.

“Passei mais de 14 anos sem conseguir nem mesmo a meditação, a não ser recorrendo a alguma leitura.” (C 17,3). E depois: “Agora acho que a Providência Divina quis que eu não encontrasse quem me ensinasse. Eu não teria conseguido perseverar na oração nos dezoito anos em que me acometeram tamanhos sofrimentos e aridez, visto não poder fazer oração discursiva, sem as leituras. Por todo esse tempo, eu não me atrevia a começar a orar sem livro, exceto quando acabava de comungar; minha alma temia tanto orar sem livro que era como se tivesse de enfrentar um exército… a aridez não costumava vir quando eu tinha um livro; os pensamentos se recolhiam carinhosamente, e o espírito se concentrava” (V 4,9).

Procurai lendo, encontrareis meditando

Conta a tradição que São João da Cruz sabia a Bíblia toda de cor; embora seja um piedoso exagero, não há dúvida que muitas passagens ele conhecia de memória, como o Cântico dos Cânticos e o capítulo 17 de São João, que eram suas passagens preferidas.

Ao longo de seus escritos há quase duas mil citações bíblicas. Além dos livros sagrados, ele recorria aos autores espirituais para alimentar sua própria espiritualidade. “Procurai lendo, encontrareis meditando”, este é um dos mais bonitos aforismos de São João da Cruz…

Santa Teresinha tinha um amor apaixonado pela Palavra de Deus. Gostava de ler, mas ao final de sua caminhada percebeu que o único livro que nunca a cansava e onde ela encontrava a sua delícia era o Evangelho. 

Quando abro um livro composto por um autor espiritual (até o mais bonito, o mais emocionante), sinto logo meu coração apertar-se e leio-o sem, por assim dizer, compreender ou, se compreendo, meu espírito para sem poder meditar… Nesses momentos, a Sagrada Escritura e a Imitação de Cristo vêm socorrer-me; nelas encontro um alimento sólido e totalmente puro. Mas é sobretudo o Evangelho que me sustenta nas minhas orações; nele encontro tudo o que é necessário para minha pobre alminha. Sempre descubro novas luzes, sentidos ocultos e misteriosos…” (MA 83v).

Não podemos esquecer o exemplo da Beata Elisabeth da Trindade, tão familiarizada à Palavra de Deus, tinha especial intimidade com o apóstolo Paulo, a quem muitas vezes chamava de “meu Paulo”.

A Regra do Carmelo, que foi escrita por Santo Alberto no início do século 13, diz que “devemos meditar dia e noite na lei do Senhor”, e a Regra não é outra coisa senão uma colcha maravilhosa de retalhos bíblicos, de amor à Palavra do Senhor.

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