24/01/2016

Por que a vida humana é sagrada?

por Artigo publicado na revista Shalom Maná

“Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles?”[1] Em seu infinito amor, Deus, Criador do universo, criou o homem à sua imagem e semelhança, para amá-lo e fazê-lo participar da sua vida divina. Por isso a vida humana é sagrada, pois tem […]

“Que é o homem, digo-me então, para pensardes nele? Que são os filhos de Adão, para que vos ocupeis com eles?”[1]

Em seu infinito amor, Deus, Criador do universo, criou o homem à sua imagem e semelhança, para amá-lo e fazê-lo participar da sua vida divina. Por isso a vida humana é sagrada, pois tem em Deus a sua origem e o seu fim, ela não é fruto do acaso ou de mera evolução física; e portanto, é, também, inviolável porque pertence a Deus, seu criador. 

“O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem se tornou um ser vivente”[2].A Sagrada Escritura nos ensina que o homem foi criado à imagem de Deus, capaz de conhecer e amar o seu Criador, e que foi constituído acima das outras criaturas terrenas como senhor delas[3], para governá-las e delas se servir para a glória de Deus[4]. Essa participação do homem na soberania divina atinge o seu ápice no dom da liberdade responsável que o homem recebe do Senhor. “A liberdade verdadeira é um sinal privilegiado da imagem divina no homem. Pois Deus quis «deixar o homem entregue à sua própria decisão»[5], para que busque por si mesmo o seu Criador e livremente chegue à total e beatífica perfeição, aderindo a Ele”[6]. Mas precisamos compreender que existe uma diferença qualitativa entre o senhorio do homem sobre o mundo infra-humano e o senhorio sobre a sua própria vida, porque a vida humana não poderá jamais ser objeto de posse e manipulação, ela deve, simplesmente, ser vivida.O homem é“senhor” somente na medida em que é também “ministro” do desígnio estabelecido pelo Criador. Ou seja, Deus constituiu o homem como administrador das suas obras, para administrá-las com sabedoria, mas esse domínio não se estende sobre a própria vida humana.À luz da experiência universal e de uma reta reflexão racional, podemos afirmar que a vida humana é um bem, um valor. À luz da fé, a vida humana se revela como um grande dom de Deus Criador e Pai Misericordioso.“Na interpretação antropológica do corpo, ainviolabilidade da vida humana não coincide com a intocabilidade, ou seja, ou com a exclusão de qualquer intervenção sobre ela: tal intervenção, mesmo se é “artificial”, resulta eticamente lícita ou até mesmo obrigatória se, no respeito da estrutura, dos dinamismos e das finalidades do corpo humano, é colocado a serviço da pessoa e do seu desenvolvimento[7]”.

Na sua encíclica Evangelium Vitae, João Paulo II afirma que, “mesmo por entre dificuldades e incertezas, todo o homem sinceramente aberto à verdade e ao bem pode, pela luz da razão e com o secreto influxo da graça, chegar a reconhecer, na lei natural inscrita no coração (cf. Rm 2,14-15), o valor sagrado da vida humana desde o seu início até ao seu termo, e afirmar o direito que todo o ser humano tem de ver plenamente respeitado este seu bem primário”[8]. Ele nos recorda, ainda, que somos chamados a uma plenitude de vida que vai muito além das dimensões da nossa existência terrena, porque consiste na participação da própria vida de Deus. A sublimidade dessa vocação sobrenatural revela a grandeza e a dignidade da vida humana[9].

No primeiro capítulo desta belíssima Encíclica, o Papa descreve as atuais ameaças à vida humana, partindo do início, desde o sangue de Abel, morto por Caim, seu irmão: “Caim disse então a Abel, seu irmão: “Vamos ao campo.” Logo que chegaram ao campo, Caim atirou-se sobre seu irmão e matou-o. O Senhor disse a Caim: “Onde está seu irmão Abel? – Caim respondeu: “Não sei! Sou porventura eu o guarda do meu irmão?” O Senhor disse-lhe: “Que fizeste! Eis que a voz do sangue do teu irmão clama por mim desde a terra[10]”, e afirma que o sangue das pessoas e dos povos mortos das mais diversas formas de violência é como um rio que ainda hoje escorre e sacia a cultura de morte. Mas a história da humanidade também conhece um outro sangue, que gera a cultura da vida e que semeia a cada dia a esperança, produzindo frutos de amor e de serviço à vida: “Já não haverá morte[11]”,exclama a voz potente que sai do trono de Deus na Jerusalém celeste. Este outro sangue é o sangue de Cristo Crucificado, que sai do seu lado aberto[12], “derramado por muito, para a remissão dos pecados[13]”.

Que grande amor do Pai e do Filho pelo homem pecador! Quão precioso é o homem aos olhos de Deus e quão inestimável é o seu valor! Você entende agora porquê a vida humana é sagrada e inviolável, desde o momento da sua concepção até a sua morte natural e em qualquer condição, de saúde ou de doença?

Com a doação livre e total de Cristo na Cruz – e doando-se entregou o espírito – Jesus se torna a Nova Lei, que no Espírito faz o homem participar do seu amor e do seu abandono. Sobre isso nos ensina a Evangelium Vitae: “Animado e plasmado por esta lei nova está também o mandamento que diz “não matarás”. Para o cristão, isto implica, em última análise, o imperativo de respeitar, amar e promover a vida de cada irmão, segundo as exigências e as dimensões do amor de Deus em Jesus Cristo. “Ele deu a Sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos nossos

[1] Sl 8,5.
[2]
Gn 2,7.

[3] Cfr. Gn 1,26; Sb 2,23.

[4] Cfr. Sir 17,3-10.

[5] Cfr. Sir 15,14.

[6] Gaudium et Spes, 17.

[7] DIONIGI TETAMANZI, Nuova Bioetica Cristiana, Piemme, 2001, p. 138.

[8] Evangelim Vitae, 2.

[9] Idem.

[10] Cfr. Gn 4,8-10.

[11] Cfr. Ap 21,4.

[12] Cfr. Jo 19,34.

[13] Cfr. Mt 26,28.

Artigo publicado na revista Shalom Maná

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Artigo publicado na revista Shalom Maná

A maravilhosa catequese de João Paulo II, que aborda o amor humano em toda a sua grandeza, trazendo temas como: o valor da pessoa humana, a redenção do corpo e o seu significado esponsal, corpo, lugar de santidade, totalidade e constância do dom de si e a sua visão do lugar do homem em Deus na espiritualidade vivida por Santa Terezinha, Santa Catarina e Santa Teresa de Ávila.

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