No caminho de Paulo de Tarso: amar nunca é demais!
por Tatiane Nogueira LealAma plenamente não aquele que se considera perfeito, pois este se basta, não dando espaço ao outro; neste não acha espaço o Amor. Amar de verdade é estar junto do outro mesmo “com fraqueza e receio e com muito tremor” (cf. 1Cor 2,3).
Maio é o mês carregado de terna doçura; recorda o amor materno e traz, ainda, o amor da Mãe de Deus e nossa. Desse modo, como não falar do Amor vivido por Paulo, o Santo? Caminhando pelos trechos de 1Coríntios, o apóstolo demonstra com clareza que sua missão deriva do Amor que o chamou, pois foi “chamado a ser apóstolo do Cristo Jesus ,por vontade de Deus” (cf. 1Cor 1,1). Amor que é Deus, eis o motivo de agradecer sempre e em toda circunstância!
Quando se pensa no amor, a mente recorda símbolos românticos. Porém, esse amor, retratado por Paulo, contempla a realidade presente no cotidiano. Um amor que não é eventual, mas um elemento contido na relação com o próximo, em que este é entendido como irmão, visto ser Deus o Pai em comum a todos os Seus filhos. Esse amor ao irmão comporta respeito por ele e, também, por suas convicções, tal como demonstram os capítulos de 8 e 9. Esse amor gera gratuidade ao servir o irmão. Se fecundo, fomenta a unidade na comunidade, de forma que cada membro contribui com o fim recebido de Deus para a edificação do corpo inteiro, que é a Igreja.
Conceituar o Amor não é a mais simples tarefa! O verdadeiro amor comporta a dor (como bem diz São João Paulo II e Santa Teresa de Calcutá), por ser puro, lapidado, vencedor das fraquezas humanas, mas, por não negá-las, é que as assume e eleva o seu valor. “O que é fraqueza de Deus é mais forte que os homens” (cf. 1Cor 1,25). Deus, que é Amor, escolhe-nos, por amor, para amar: “O que é fraco, sem prestígio, aquele que é nada” (cf. 1Cor 1,27-28).
Ama plenamente não aquele que se considera perfeito, pois este se basta, não dando espaço ao outro; neste não acha espaço o Amor. Amar de verdade é estar junto do outro mesmo “com fraqueza e receio e com muito tremor” (cf. 1Cor 2,3). Amar é mistério revelado pelo Espírito Santo. Eis a função dos pregadores, amar e aprender com o Amor, como ensinar/proclamar a dinâmica de amar. Não entenderá o amor um coração que ainda não encontrou pessoalmente o Amor, que é o Senhor. Acontecerão situações dolorosas no cotidiano, como divisões de todos os tipos, libertinagem, adultério, e tudo isso mostrará a “figura deste mundo que passa” (cf. 1Cor 8,1b). O selo de autenticidade dessa Palavra está na liberdade com que ele descreve sua relação pessoal e autêntica com o Amor, que mudou sua história. Ele tem necessidade de proclamar este Amor (cf. 1Cor 9,16b), exemplifica, exorta, aconselha, porque ama aqueles a quem se dirige, mas o sumo de amar é buscar em tudo a glória de Deus (cf. 1Cor 10,23-33).
Onde o Amor está, assim Paulo descreve, se manifesta a ação do Espírito através dos dons carismáticos/querigmáticos. Esses dons são dados para edificação da comunidade, para que haja boa ordem/comunhão, que levem a experimentar o amor que vence a morte por meio da ressurreição de Cristo, triunfo do Amor, que resgata, desde o primeiro Adão, a todos os filhos de Deus. “Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, progredindo sempre na obra do Senhor, certos de que vossas fadigas não são em vão no Senhor” (cf. 1Cor 15,58).
Tatiane Nogueira Leal
Consagrada na dimensão de Aliança da Comunidade Mariana Boa Semente
Teóloga pela UniCatólica
Missão Quixeramobim (Sede)
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