12/04/2019

Frei Patrício: Vai e não peques mais

por Shalom

O pecado é não acertar no centro da essência da vida, que é Cristo, e continuar a caminhar na periferia, sem compreender a nossa responsabilidade de respeito aos outros e ao universo. 5 abril 2019 Dizem que hoje não se fala suficientemente do pecado ou, como dizia o Papa São João Paulo II, temos perdido […]

O pecado é não acertar no centro da essência da vida, que é Cristo, e continuar a caminhar na periferia, sem compreender a nossa responsabilidade de respeito aos outros e ao universo.

Dizem que hoje não se fala suficientemente do pecado ou, como dizia o Papa São João Paulo II, temos perdido o sentido do pecado. Buscamos todos os caminhos para fazer cair os princípios morais da verdade e da vida, para caminhar em busca do prazer, do comodismo e do “liberalismo”. Podem ser muitas as causas da situação em que vivemos neste mar da superficialidade, onde cremos que tudo é permitido e que cada um pode legislar leis morais e públicas como achar melhor. Está claro que essa maneira de pensar não só é perigosa, mas é uma bomba atômica que pode destruir as bases do nosso viver tranquilo em comunhão com Deus, consigo mesmo e com os outros.

Mas, a final, o que é o pecado?

Não sou filósofo nem moralista para poder dar uma definição do que é o pecado através dos séculos e na Escritura, mas creio que possa dizer que pecado é o que te faz sentir mal diante do que você faz; em palavras mais simples ainda, é não fugir do mal e não fazer o bem. Quando fazemos algumas coisas erradas contra o princípio escondido do bem que está dentro de nós, sentimos que a nossa consciência nos dói e repreende os nossos comportamentos. Fugir do mal e fazer o bem é um princípio muito mais profundo em nós mesmos.

Há princípios morais e religiosos que me impedem de prejudicar os outros com o meu agir, com minhas palavras, com as minhas opiniões, que ferem a minha dignidade e a dos outros. Nenhum de nós vive sozinho, numa ilha, mas vivemos juntos e somos chamados a construir juntos tanto o presente quanto o futuro. O pecado é não acertar no centro da essência da vida, que é Cristo, e continuar a caminhar na periferia, sem compreender a nossa responsabilidade de respeito aos outros e ao universo.

Pecado é ferir o outro

O pecado é pisar nos outros e usá-los como degraus para subir e chegar ao nosso fim, sem olhar o que fazemos e os meios que usamos. Pecado é desrespeitar a vida e achar que a vida dos outros é algo descartável, lixo que pode ser jogado fora em nosso próprio benefício. Pecado é eliminar os outros sem piedade e com indiferença, sem dar importância nem à pessoa nem aos direitos fundamentais do ser humano.

É o pecado o que integralmente impede o crescimento de toda a pessoa e que constrói muros que dividem e não pontes que ajudam. É pecado oprimir o outro com o poder da lei, da religião, manipular as consciências dos indivíduos. O pecado do egoísmo é a raiz de todos os pecados, de quem busca só a si mesmo, desprezando os outros. São ensinamentos que podemos sintetizar nas palavras de Jesus: não fazer aos outros o que nós não queremos que os outros nos façam. Compreendeu?

Você vê coisas novas neste momento?

Sem Deus, os olhos são incapazes de ver o bem; somos como cegos diante das catástrofes e desgraças que acontecem no mundo e na Igreja e tudo nos parece terrível, como se caminhássemos numa estrada sem saída. A doença do pessimismo é terrível e só pode ser curada com o seu contrário, o otimismo, assim como a doença da desesperança pode ser curada com a esperança que nasce no manancial celeste. Quando tudo nos parece obscuro, devemos olhar para o céu e contemplar as estrelas e tudo assumirá de novo o doce sabor, a belíssima cor da madrugada de um novo tempo.

O profeta Isaías é o profeta dos olhos límpidos, da esperança purificada pelas tantas lágrimas derramadas durante o sofrimento, que deseja dar novo sentido à memória da escravidão do povo do Egito. Esta leitura de hoje do grande capítulo do amor, o 43, nos convida a levantar os olhos e a ver céus novos, terras novas, deserto cortado de estrada e de jardim. No deserto, vimos correr rios de água que vai fecundar o deserto mais árido. O profeta realiza a grande profecia: “quero que meu povo me reconheça e me adore”, diz o Senhor. Profecia que ainda não se realizou por completo. Mesmo assim, se olharmos ao nosso redor, veremos mais coisas bonitas do que feias.

Reconhecer a vida em Cristo Jesus

Com o Batismo, recebemos uma vida nova em Cristo Jesus, uma vida, porém, que exige ser desenvolvida, crescer para chegar à plena maturidade e revelar a pessoa de Jesus que habita em nos. Paulo vê que isso é possível somente se nós conhecemos a pessoa de Jesus.

Cada vez mais há dentro de cada um de nós que cremos como reconhecer a pessoa de Jesus neste momento histórico que nos é dado viver, nesta confusão, neste marasmo de ideias que não ajudam a caminhar na luz do Evangelho? Essa pergunta nos angustia, mas não devemos deixar-nos amedrontar, nós conhecemos Jesus pela fé, pela vivência da caridade. Quando fazemos o bem, sentimos em nós uma alegria que nos enche de paz e de esperança. Essas palavras de Paulo devem nos consolar. Experimentar a força da ressurreição de Jesus, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, correr sem cansar para a meta definitiva ao encontro de Jesus.

Não peques mais

Não me atirem as pedras os biblistas, mas para mim – pobre ignorante nas Escrituras, mas devorador insaciável da Leitura da Palavra de Deus –, a mulher adúltera é a parábola correspondente a Lucas 15, do filho pródigo, que mostra que não devemos colocar em evidência nem o pecado do filho que foge de casa e nem o pecado do adultério da mulher, mas sim a grande misericórdia e o amor infinito de Deus Pai, que perdoa o filho que volta, e a grande misericórdia de Jesus, que diante do pecado da mulher não condena, mas perdoa-a e convida-a a não mais pecar.

Somos pecadores fugitivos e adúlteros em tantos momentos da vida e encontramos irmãos que não querem festejar que nós voltamos à casa do pai, e somos “adúlteros” diante dos defensores da lei prontos com as pedras nas mãos para nos apedrejar, mas Jesus simplesmente nos perdoa e nos convida a sair de novo pelas terras do mundo cantando a bondade do amor. Duas parábolas diferentes sobre pecado, mas sempre pecado; duas atitudes de misericórdia, mas a mesma misericordiosa que invade o nosso coração e nos faz pessoas novas. Qual é a lição? Nunca condenar, sempre perdoar.

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