07/03/2016

“Todo homem procura um Deus envolvente. Deus pode morrer de tédio em nossas igrejas… “

por pt.zenit.org

Primeiras meditações do Pe. Ermes Ronchi, durante os Exercícios Espirituais de Quaresma com o Papa e a Cúria Romana em Ariccia, sobre o tema “As francas questões do Evangelho” “Jesus então virou-se e, observando aqueles que o seguiam, disse-lhes O que procurais?” A pergunta de Cristo, que ressoou ontem na capela da Casa ‘Divino Mestre’ […]

Primeiras meditações do Pe. Ermes Ronchi, durante os Exercícios Espirituais de Quaresma com o Papa e a Cúria Romana em Ariccia, sobre o tema “As francas questões do Evangelho”

“Jesus então virou-se e, observando aqueles que o seguiam, disse-lhes O que procurais?” A pergunta de Cristo, que ressoou ontem na capela da Casa ‘Divino Mestre’ de Ariccia, onde o Papa e a Cúria estão reunidos desde ontem à tarde para os Exercícios Espirituais de Quaresma.

Pe. Ermes Ronchi, sacerdote friulano da Ordem dos Servos de Maria, foi escolhido (por telefone) pelo Papa para guiar as meditações até o próximo dia 11 de março com o tema “As nuas perguntas do Evangelho”. Perguntas – disse o religioso na sua primeira reflexão relatada pela Rádio Vaticano – que devem ser “amadas” em quanto “já revelação”. São “o outro nome da conversão”. Jesus, de fato, educa à fé através de perguntas, “muito mais do que através de palavras assertivas.”

Mais de 220 são as relatadas nos Evangelhos, porque “a pergunta é a comunicação não violenta” – explica o sacerdote servita – “que não cala o outrou, mas relança o diálogo, o envolve e, ao mesmo tempo, o deixa livre”.

A proposta para estes dias de exercícios é, portanto, “de parar para ouvir um Deus de perguntas: não mais questionar ao Senhor, mas deixar-nos interrogar por Ele. E em vez de correr rápido para buscar resposta, parar para viver bem as perguntas”.

O próprio Jesus é uma pergunta, diz Ronchi: “A sua vida e a sua morte nos desafiam sobre o sentido último das coisas, nós questionam sobre o que faz feliz a vida”. E “a resposta é ainda Ele” que “não pede antes de mais nada renúncias ou sacrifícios, não pede para imolar-se sobre o altar do dever ou do esforço, pede em primeiro lugar reentrar no coração comprende-lo, conhecer.

Procurar a felicidade equivale, portanto, a buscar Deus, “um Deus sensível ao coração, um que faz feliz o coração, cujo nome é alegria, liberdade e plenitude”. “Deus é belo. Nos corresponde anunciar um Deus belo, desejável, interessante”; “a paixão por Deus – acrescenta o pregador – nasce precisamente de ter descoberto a beleza de Cristo.

“Deus me atrai por ser onipotente, não me seduz por ser eterno ou perfeito;” Ele “me seduz com o rosto e a história de Cristo, o homem da vida boa, bela, beata, livre como ninguém, amor como nenhum outro”. Jesus “é a bela notícia que diz: é possível viver melhor, para todos. E o Evangelho possuiu a chave”.

No entanto, nós “empobrecemos o rosto de Deus, que, por vezes, reduzimos a miséria, relegado a remexer no passado e no pecado do homem”. Um Deus, disse o padre Hermes, “que é adorado e venerado”, mas que não é aquele “envolvido, e envolvente, que ri e brinca com os seus filhos”.

Todo homem, no entanto, concluiu o religiosa, “buscar um Deus envolvente”: “Deus pode morrer de tédio nas nossas igrejas. Devolvamos-lhe o seu rosto solar, um Deus amável, desejável, querido. Será como beber das fontes da luz, das bordas infinito”. A reflexão concluiu, portanto, como começou, com uma pergunta: “O que procurais? Para quem caminhais? “. Ronchi deixa transparecer a primeira resposta desta semana de meditações: “Procuro um Deus desejável, caminho por alguém que faz feliz o coração”.

No segundo dia dos exercícios espirituais o religioso focou nas duas palavras-chave: “medo e fé” a partir do passo da tempestade acalmada na qual Jesus pergunta aos discípulos: “Por que tendes medo, ainda não tendes fé?” (Mc 4, 40). São “os dois antagonistas que se disputam eternamente o coração do homem”, destaca o Pe. Hermes, “a Palavra de Deus, de um extremo ao outro da Bíblia conforta e anima, repetindo várias vezes: não temais. Não tenhais medo!”

Medo que não é tanto a falta de coragem mas “falta de confiança”, de cair na ilusão de acreditar em “um Deus que tira e não em um Deus que dá.” O erro, isto é, que cometeram Adão e Eva que se deixam persuadir pelo diabo e “acreditam em um Deus que rouba liberdades, em vez daquele que oferece possibilidades; Acreditam em um Deus que se preocupa mais com a sua lei do que com a alegria dos seus filhos; um Deus com ollhar crítico, do qual deve-se fugir em vez de correr na sua direção”.

“Um Deus, afinal, não confiável.”

E o primeiro de todos os pecados – diz Ronchi – é o “pecado contra a fé” que nasce “da imagem errada de Deus” da qual, por sua vez, nasce “o medo dos medos”. “Do rosto de um Deus temível vem o coração medroso de Adão”, que é o mesmo coração amedrontado de todos nós quando nos encontramos na tempestade: porque nos sentimos abandonados, porque “Deus parece dormir” porque “queremos que intervenha rápido”.

Mas Deus intervém. Ele “não age em nosso lugar – destaca o servita – não nos tira das tempestades mas nos apoia dentro das tempestades”. Como escrevia Bonhoeffer: “Deus não salva do sofrimento, mas no sofrimento, não protege da dor, mas na dor, não salva da cruz, mas na cruz … Deus não traz a solução para os nossos problemas, traz a si mesmo e dando-se-nos nos dá tudo” E nos deu Jesus que “veio para preencher de luz, de sol”.

“Talvez – diz o padre Hermes Ronchi – nós pensamos que o Evangelho iria resolver os problemas do mundo ou, pelo menos, que teria diminuído a violência e as crises da história, mas não é assim. Na verdade o Evangelho trouxe consigo rejeição, perseguições, outras cruzes: pensemos nas 4 irmãs mortas em Aden”.

Mas Jesus “nos ensina que só há uma maneira de superar o medo: é a fé!”. Missão da Igreja, também no interior, é, portanto, libertar do medo que nos faz usar diferentes máscaras com aqueles que nos rodeiam.

“Por um longo tempo – releva o pregador – a Igreja transmitiu uma fé cheia de medo que girava em torno do paradigma culpa/castigo, em vez de no florescimento e plenitude.”

Esse medo tem produzido e produz “um cristianismo triste, um Deus sem alegria”. Liberar do medo, então, significa “trabalhar ativamente para levantar este manto de medo que está sobre o coração de tantas pessoas: o medo do outro, o medo do estrangeiro. Passar da hostilidade, que pode ser também instintiva, à hospitalidade, da xenofobia à filoxenia”. E significa “libertar os fieis do medo de Deus, como fizeram ao longo de toda a história sagrada os seus anjos: ser anjos que libertam do medo”.

1 Comentário
  1. Leandra soares disse:

    Quero pedi oração pela minha familia

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