25/02/2019

Proteção dos menores: Vaticano anuncia primeiras iniciativas concretas

Anunciados, entre outros, um novo Motu Proprio do Papa Francisco e a criação de uma “força-tarefa”

Da Redação, com Vatican News

Em pé, o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, conduz o último briefing do encontro sobre proteção dos menores / Foto; Reprodução Youtube Vatican News

Um novo Motu Proprio do Papa Francisco sobre “a proteção dos menores e das pessoas vulneráveis”, que acompanhará uma nova lei do Estado da Cidade do Vaticano e as Diretrizes para o Vicariato da Cidade do Vaticano; a publicação pela Congregação para a Doutrina da Fé de um manual que irá “ajudar os bispos do mundo a compreender claramente seus deveres e suas funções” e ainda, a criação de “forças-tarefa” para ajudar Conferências episcopais e as dioceses em dificuldades.

Neste domingo, 24, durante o quarto e último briefing dedicado ao Encontro “A Proteção dos menores na Igreja”, padre Federico Lombardi, presidente da Fundação vaticana Joseph Ratzinger – Bento XVI, moderador do encontro, pediu perdão pelos crimes de abuso cometidos e descreveu os primeiros sinais claros de que o caminho da defesa das crianças continua sendo uma prioridade na Igreja.

Aos jornalistas presentes no Augustinianum, o jesuíta reiterou que “responsabilidades”, “prestações de conta” e “transparência” são as palavras que mais ecoaram nos últimos dias na Sala do Sínodo e que permanecem a bagagem que os participantes levarão consigo.

Trata-se agora de fazer um concreto “follow-up”, que já nesta segunda-feira terá como protagonistas membros da Comissão organizadora e responsáveis dos dicastérios da Cúria Romana mais envolvidos neste horizonte, para dar prosseguimento às muitas ideias e propostas expressas.

A verdade não pode ser traída

Também o Cardeal Oswald Gracias, arcebispo de Bombaim, presidente da Conferência Episcopal da Índia e membro da Comissão organizadora, falou dos frutos destes dias transcorridos ​​no Vaticano, juntamente com patriarcas, cardeais, arcebispos, bispos, superiores religiosos e responsáveis de todo o mundo.

“Volto para casa com a consciência de que a proteção dos menores deve ser objeto de esforço contínuo por parte de todos nós: a Igreja, aprendendo com os erros do passado, deve estar na linha de frente, deve ser um modelo”.

Acobertamento de casos de abuso é crime

Dom Charles J. Scicluna, arcebispo de Malta, secretário adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé e membro da Comissão Organizadora, ressalta ainda a “mudança de coração” e o sentido de “peregrinação” experimentados. Uma mudança de perspectiva que levou a reconhecer como o abuso cometido contra um menor é um “crime ultrajante”, como o seu acobertamento.

“Durante décadas, temos nos concentrado em crimes – insistentes – mas agora chegamos à conclusão que o acobertamento é da mesma forma ultrajante. E acho que esse é um ponto muito importante”.

Valentina Alazraki: mais transparência na comunicação sobre abusos

O prelado de Malta recorda mais uma vez, a importância de ouvir as vítimas e demonstrar apreço pelas intervenções das mulheres, “uma lufada de ar fresco” para prosseguir “na direção certa”. Um agradecimento dirigido também a Valentina Alazraki, jornalista e escritora, correspondente da emissora mexicana Noticieros Televisa e conferencista do encontro. Além de mencionar a questão da transparência, ela esclarece as relações que deveriam existir entre jornalistas e membros da Igreja, quase uma aliança. Trata-se de uma questão de colaboração, acrescenta, sem “no comments” e “silêncios”, para chegar a “informação correta e rápida em um curto espaço de tempo”.

Sem déficit de comunicação

A importância de “escutar com franqueza, com a linguagem da verdade e sem preconceitos” foi por fim sublinhada por Paolo Ruffini, prefeito do Dicastério para a Comunicação. Infelizmente, não raro, as más notícias são mais seguidas do que as boas, mas não se deveria perder a capacidade de “ver e contar o bem, o belo, o bom”.

“Ninguém é perfeito”, diz ele, referindo-se a alguns conteúdos das perguntas e respostas após a conferência de Valentina Alazraki, e é perigosa “a pretensão de sê-lo”. “A verdade”, conclui, “é um ponto de chegada que exige coragem e não admite nem privilégios nem preconceitos, nem atalhos nem becos sem saída ou acobertamentos. Ela pede coragem no dizer e no ouvir “.

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