19/07/2019

Santa Madre Teresa de Calcutá: A Providência Divina não nos abandona

por comshalom.org

“Todo dia, Deus faz para nós verdadeiros milagres, nós os constatamos concretamente. Se não fossem esses prodígios cotidianos, nós não poderíamos ir adiante, não poderíamos fazer nada”.

“Todo dia, Deus faz para nós verdadeiros milagres, nós os constatamos concretamente. Se não fossem esses prodígios cotidianos, nós não poderíamos ir adiante, não poderíamos fazer nada”.

Para poder levar adiante a sua Obra, Madre Teresa confia tão-somente na Divina Providência. Essa frase, “confiar na Providência”, para nós, pobres mortais, tornou-se uma “frase feita”. Uma frase sem um significado preciso. Nenhum de nós, na realidade, pensaria em iniciar uma atividade que exigiria muito dinheiro “confiando tão-somente na Providência”, isto é, sem ter uma gorda conta bancária. Quando ouvimos frases do tipo, pensamos que são expressões genéricas para dar a entender que alguém “arrisca-se”, expõe-se mais do que deveria. Mas tomemos as palavras ao pé da letra. Não podemos nem mesmo conceber que haja pessoas que enfrentam tarefas importantes sem a devida e calculada cobertura econômica.

E essas pessoas existem, sempre existiram: são os santos. Aquelas maravilhosas criaturas cuja fé em Deus é granítica. “Se tens fé, podes mover uma montanha”, disse Jesus no Evangelho. E os santos acreditaram nele. E assim, para eles foram reservadas a alegria e a felicidade de constatar que a Providência existe, que o amor de Deus por seus filhos não é uma expressão abstrata. Tornaram-se testemunhas felizes e gratas de milagres espetaculares.

Vivemos de milagres cotidianos

Um dia, depois que Madre Teresa havia-me falado da pobreza absoluta que ela quis para sua Congregação, disse-lhe eu: Mas, então, para poder manter toda a atividade e as obras que suas irmãs realizam no mundo precisa-se de milagres.“Exatamente”, disse Madre Teresa sorrindo diante da expressão maravilhada que via em meu rosto.

“Todo dia, Deus faz para nós verdadeiros milagres, nós os constatamos concretamente. Se não fossem esses prodígios ‘cotidianos’, nós não poderíamos ir adiante, não poderíamos fazer nada.”

Olhava-me. Eu estava cada vez mais maravilhado. “Fala de milagres autênticos?” – perguntei. Sim, milagres concretos – disse a Madre.

Madre Teresa nunca gostou muito de falar, nem em público, nem em particular. Em todos os encontros que tive com ela, constatei que a conversa sempre era fatigante para ela. Gentil, doce, à disposição, estava sempre pronta a responder a qualquer pergunta, mas com frases curtas, incisivas, sintéticas. Se, porém, o assunto era a bondade de Deus, o amor de Jesus para com os seus filhos, as maravilhas da providência, tornava-se loquaz. Falava, então, com alegria, e bastante.

“A providência provê generosamente todo dia para mim, para as minhas irmãs e nossos assistidos”, disse naquele dia em que lhe perguntei sobre os milagres. “O faz através de indústrias, entidades, empresas, companhias petrolíferas, governos, mas o faz sobretudo através das pequenas ofertas das pessoas que vivem com modestos recursos econômicos. E são estas ofertas que têm o maior valor, porque, para fazê-las, as pessoas enfrentam sacrifícios e, desse modo, seu gesto é um autêntico ato de amor.”

“A Providência, continuou Madre Teresa nunca nos abandona. Minha obra foi vontade de Jesus e Ele deve pensar em levá-la adiante. A Providência, continuamente, nos faz saber com que amor Jesus nos acompanha e ajuda.”

É preciso testemunhar a providência de Deus

Nas nossas casas, com tudo o que serve para manter as pessoas que nos pedem ajuda, estamos sempre em estado de emergência. Nenhuma irmã responsável pelo andamento da casa poderia ter um sono tranquilo se não tivesse uma imensa fé em Deus. Quase nunca temos o necessário para viver uma semana e, às vezes, nem mesmo o necessário para a noite daquele dia. Mas sempre, muitas vezes no último instante, chega a solução. O Senhor inspira as pessoas mais diferentes a nos trazer, pelas mais variadas razões, a ajuda que para nós é vital. Se não chegasse essa ajuda, ai de nós.

Em Calcutá, cozinhamos todo dia para nove mil pessoas. Uma manhã, uma irmã veio dizer-me que não tínhamos mais nada na despensa. Era quinta-feira. Anunciava-se um terrível fim-de-semana. Era a primeira vez que eu me encontrava diante de um imprevisto como aquele. ‘Devemos avisar nossos assistidos’, disse a irmã. ‘Não, esperemos’, respondi. ‘Nesse meio tempo, vá à igreja apresentar a questão a Jesus’.

Rezei também e fiquei a espera dos acontecimentos. Na sexta-feira pela manhã, chegou um caminhão carregado de pão, geléia, leite. Eram provisões destinadas à merenda escolar da cidade, mas, naquela manhã, o governo tinha decidido manter fechadas as escolas, e todas aquelas provisões não serviam mais. Procurei saber por que as escolas tinham sido fechadas naquela manhã, mas nunca consegui apurar o motivo. Creio que Deus interveio para ajudar-nos. Na verdade, por dois dias nossos assistidos puderam comer à vontade.

Em Londres, com algumas companheiras, estava procurando uma casa para abrir uma nova sede. Uma senhora tinha uma que atendia perfeitamente às nossas exigências. Fomos encontrar essa senhora e, depois de termos visitado a casa, manifestamos o desejo de alugá-la. ‘São seis mil e quinhentas libras, pagamento adiantado’, disse aquela senhora em tom brusco. E acrescentou: ‘Não confio em ninguém e não faço caridade para ninguém’. A situação estava complicada. Não tínhamos dinheiro e, ao mesmo tempo, precisávamos daquela casa. Decidimos nos separar e percorrer a cidade visitando amigos e aqueles que gostavam da obra, pedindo-Ihes ajuda na tentativa de reunir uma boa parte daquela quantia. Quando, à noite, nos encontramos de novo, fizemos as contas: tínhamos recolhido exatamente seis mil e quinhentas libras.

Uma irmã, um dia, telefonou-me de Agra, na Índia, pedindo-me cinquenta mil rúpias para criar uma Casa para crianças abandonadas. ‘É impossível’, respondi. ‘Onde vou conseguir essa quantia?’. Alguns minutos depois toca novamente o telefone. Era o diretor de um jornal. ‘O governo filipino’, anunciou, ‘concedeu-lhe o Prêmio Magsaysay e uma quantia em dinheiro’. ‘Quanto?’, perguntei. ‘Cinqüenta mil rúpias’, respondeu. ‘Neste caso’, disse, ‘supondo que Deus queira que seja criada uma Casa para crianças em Agra’.

Um dia, lá pelo meio-dia, a noviça encarregada da cozinha disse-me que. não havia mais arroz na despensa. E, na casa, não tínhamos uma rúpia para comprá-lo. Às 16h30, uma desconhecida chegou à porta com um pacote. ‘Deu-me vontade de trazer isso’, disse. No pacote estava o arroz necessário para o jantar daquele dia.

Em uma outra ocasião, as irmãs ficaram sem lenha para cozinhar. Sobre o fogão, havia uma grande panela de curry. Como de costume, mandei algumas irmãs rezarem, depois de algum tempo, tocou a campainha e era um benfeitor trazendo um carregamento de lenha.

Durante a estação das chuvas, começou a cair sobre Calcutá uma chuva persistente. Estava preocupada. Tinha noventa e cinco caixas de leite em pó no quintal e, com aquela chuva, sabia que estariam perdidas. ‘O que devo fazer, Senhor?’, rezava. ‘O leite está lá fora’. Parecia que Jesus não queria ouvir-me, porque a chuva continuava fina e ininterrupta. Depois peguei o crucifixo e o levei para o meio das caixas de leite, mas nem isso serviu para parar a chuva. Depois de cinco dias, finalmente o céu clareou. As caixas boiavam na água. Fomos abri-las para ver se era possível salvar alguma coisa e, com grande surpresa, vimos que o leite em pó estava perfeitamente enxuto. Algumas caixas estavam coma cobertura danificada, mas nem uma gota de água penetrara pelas rachaduras da madeira.
Muitos ficam maravilhados, ouvindo o relato de fatos deste tipo. Mas não há nada de extraordinário: é tudo simples, lógico. Se vejo um pobre, sinto um grande desejo de ajudá-lo. Mas sou apenas uma mulher. Quão maior deve ser o desejo de Jesus de ajudar-nos nas dificuldades. Basta acreditar cegamente no seu amor para poder ser, todo dia, testemunha dos seus milagres.

Muitas vezes, o Senhor, para ajudar-nos, serve-se de coisas menos espetaculares. Inspira as pessoas a nos amar, a ter simpatia por nós, a querer colaborar, mas é sempre Ele que age em nosso favor.

Um dia, um jovem casal hindu veio e deixou uma oferenda para os meus pobres. Uma vez que se tratava de uma grande soma, perguntei onde haviam conseguido tanto dinheiro. ‘Nós nos casamos há dois dias’, responderam-me. ‘Tínhamos separado bastante dinheiro para a festa do nosso matrimônio e outro tanto que tinha sido presenteado por amigos e parentes. Mas, na última hora, resolvemos apenas comprar as coisas indispensáveis e dar-Ihe o resto. Nós a amamos muito e pensamos que seria lindo compartilhar nosso amor com os pobres a quem a senhora serve.’

Há algum tempo, em Calcutá, passamos por um período em que havia escassez de açúcar. Espalhou-se pela cidade a informação de que Madre Teresa não tinha mais açúcar para os seus órfãos, e muitas pessoas vieram em auxílio. Uma noite chegou um casal com seu filho de seis anos. Ele trazia na mão um vidrinho. Por uma semana tinha se recusado a comer açúcar para poder dá-lo aos menos afortunados que ele.

Canais da Divina Providência

Temos colaboradores espalhados pelo mundo, unidos entre si em grupos que dão uma valiosíssima ajuda, recolhendo roupas, medicamentos e todas aquelas coisas que são úteis em nossos dispensários. São os sacrifícios simples e generosos de milhares de pessoas desconhecidas que nos permitem ajudar tanta gente. Mas eu me fio apenas na oração, nunca penso no dinheiro. Nós devemos executar a obra do Senhor e deve ser Ele a pensar nos meios: se não nos manda, quer dizer que não quer aquela obra.

As pessoas que considero os maiores colaboradores meus e de minhas irmãs são os doentes que, por nós, oferecem a Deus suas dores. E os contemplativos, monges e monjas que rezam pela minha obra.

Muitos doentes deficientes que não podem desenvolver nenhuma atividade, ligam-se a nós com um autêntico pacto de colaboração. Adotam uma irmã e, por ela, oferecem seu sofrimento e suas orações. Entre os dois nasce uma ligação muito estreita, tornando-os como uma só pessoa.

Também tenho minha ‘colaboradora secreta’. É uma mulher belga, que conheço há mais de trinta anos. Chama-se Jacqueline de Decker, está muito doente. Sofreu dezessete intervenções cirúrgicas e suporta qualquer dor para ajudar-me a desempenhar bem a minha missão. Toda vez que tenho algo de especial a realizar, é ela que me dá a força e a coragem necessárias. Na verdade, nessas ocasiões, seus sofrimentos aumentam. Às vezes me escreve: ‘Estou certa de que neste período você tem muito a fazer, muito que andar, trabalhar, falar. Sei pelas dores que sinto nas costas e outros sofrimentos que se fizeram particularmente intensos’. Jacqueline nunca erra. As leis misteriosas que comandam os espíritos permitem este intercâmbio. É minha amiga doente que faz, por mim, a parte mais difícil de minha obra.”

Renzo Allegri

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