10/03/2018

A concepção do laicato na primavera do Concílio Vaticano II

por Ailton Bento Araruna

No período que precedeu e sucedeu o Concílio Vaticano II, houve intensa elaboração teológica sobre a teologia do laicato no universo católico.

Introdução

Como todo concílio se insere na Tradição da Igreja, é necessário procurar as raízes da doutrina conciliar sobre os leigos no período histórico precedente ao Vaticano II. No período que precedeu e sucedeu o Concílio Vaticano II, houve intensa elaboração teológica sobre a teologia do laicato no universo católico.

O próprio tema evidencia a necessidade de considerar a teologia do laicato no conjunto da eclesiologia e consequentemente no conjunto da tradição cristã, uma vez que os leigos são uma constante, quantitativa e qualitativa, na história da Igreja. Há uma perspectiva formal dialética para a análise dos textos, porque neles há a convergência do contexto histórico e do contexto teológico.

O trabalho converge para a explicitação do núcleo teológico da laicologia. Primeiramente situa-se a questão da teologia do laicato no conjunto da eclesiologia, em dois momentos distintos: primeiro explicitando algumas questões preliminares sobre a constante presença dos leigos na Igreja, as razões históricas e teológicas pelas quais se deu a adoção do temos laikós na doutrina da Igreja; segundo, a situação do laicato no período que precede o Concílio Vaticano II, a partir do fenômeno da Ação Católica, a qual pressupõe o contexto histórico da modernidade e o modelo eclesiológico da Igreja como Sociedade Perfeita. Nessas circunstâncias, competia à hierarquia mobilizar os leigos para colaborarem no apostolado da Igreja, de onde resultou a renovação teológica sobre o laicato que chega aos padres conciliares. Em segundo lugar, explicitou-se a doutrina atual sobre os leigos, situando-a no contexto da Igreja, no do Concílio Vaticano II, evidenciando alguns pressupostos teológicos sobre a identidade e missão da Igreja.

Contexto Histórico

Dentre os significados do termo leigo, a Igreja usa-o para distinguir os cristãos que não receberam a Ordem Sacra ou não professaram os Votos Religiosos. Contudo, é dever da teologia do laicato estudar o significado teológico deste termo dentro do ambiente eclesial. A especificidade desta teologia tem como objeto material todas as alusões aos leigos no caminhar da eclesiologia e como objeto formal o conjunto da teologia cristã, tendo como princípio supremo a Revelação de Deus. Em suma, à eclesiologia tem a competência de fornecer os dados da fé (objeto material e formal) para a reflexão da teologia do laicato, visto que esta é apenas um recorte daquela, o lugar teológico por excelência (Cf. BOFF, 1994, p. 549). Dos dois objetos da laicologia percebemos uma relação dialética entre Revelação (objeto formal) e História (objeto material), e respectivamente, entre Igreja e Sociedade.  Comparando os textos na perspectiva histórica do laicato (Cf. ALMEIDA, 2006, falta a pág) percebe-se que as variações do significado de leigo situam-se mais na ênfase dada à forma e ao grau de relações de cada um dos estados de vida eclesial (clérigos, religioso e leigos) num determinado momento histórico, assim como na concretização da missão da Igreja, e não apenas no núcleo teológico-dogmático (objeto formal) do laicato.

Essas diferenças confirmam a relação dialética entre Igreja e Sociedade, desta relação provém o predomínio de um paradigma teológico em detrimento de outros, e o contexto vital das diferentes épocas, onde com suas características própria de origem política, econômica, social e cultural norteiam o modus vivendi de um período. Por conseguinte, a laicologia não trata apenas de uma questão teórica dogmática (objetivo formal), mas também do contexto vital (objeto material).

Em virtude dos paradigmas teológicos e o modus vivendi de uma época confluírem-se e manifestarem-se em diferentes eclesiologias, para prosseguir na concepção do núcleo teológico do laicato, é necessário encontrar dentro de toda a eclesiologia os elementos de origem teológica e os de origem histórica, mais uma vez a necessidade de compreendermos a relação dialética entre Revelação e História.  Desta compreensão resultam algumas questões preliminares para interpretar as subsequentes afirmações do Concílio Vaticano II sobre a teologia do laicato.

Ailton Bento Araruna

Aluno do quinto semestre do Curso de Teologia no Centro Universitário Unicatólica, Quixadá-CE.

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