15/04/2018

A Apóstola do Espírito Santo

por Iali Nogueira Mendonça

As cartas de Helena foram um clamor de Deus para a Santa Igreja Católica, um despertar de um novo pentecostes.

Helena nasceu na cidade de Luca, Itália, no dia 23 de junho de 1835. Aos dezenove anos já havia aprendido em casa a língua italiana, francesa, latim e enfermagem. Também aos dezenove foi ajudar pessoas que estavam com a epidemia da cólera. Lá, ela exerceu a caridade e aprendeu sobre a fragilidade da vida assistindo a morte de tantas pessoas. Três anos depois, ela acabou adquirindo uma doença devido ao contato com tantos doentes. Poderíamos pensar que por conta da doença ela deva ter se arrependido de ter cuidado dos doentes, ou que tenha caído na murmuração e lamúria por conta da doença, mas, ao contrário, durante o tempo de sua enfermidade, que durou oito anos, ela se dedicou à oração e ao estudo dos primeiros Padres santos e sábios teólogos da Igreja. Como as visitas à sua pessoa eram constantes surgiu a ideia de formarem um grupo chamado de “amizade espiritual”, através desse grupo projetou-se um tipo de vida religiosa contemplativa.

Após os oito anos, Helena veio a ficar curada de sua doença misteriosa, porém a maior ação de Deus ainda estaria por vir na vida de Helena. Em 1870, por graça de Deus, Helena assiste a uma sessão do Concílio Vaticano I. Após esse evento, o seu coração se encheu de um grande fervor e deu início a formação de uma comunidade religiosa feminina. Sua obra teria como patrona santa Zita, de quem ela era devota. O carisma da Obra nascente ia ao encontro de uma grande necessidade da época: a educação dos jovens. Nessa primeira comunidade, elas não faziam votos, como nas congregações religiosas. As mulheres eram voluntárias, vindas da área da educação e que se dispunham a colocar sua experiência a serviço de jovens carentes.

Para formar a comunidade, Helena começou a escrever pequenos livros inspirados para catequese, orientação espiritual e aprofundamento da fé. Entre os beneficiados pela Obra, destaca-se a adolescente Gema Galgani. Ela foi acolhida pela Comunidade, foi preparada e fez sua primeira comunhão em 1887. Anos mais tarde, ela tornou-se santa.

O fervor obtido em 1870 na sessão do Concílio Vaticano I não parou por aí; movida pelo chamado de Deus, ela começou a escrever várias cartas para o Papa Leão XIII sobre a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade: o Espírito Santo, instigando a todos a necessidade de a Igreja “retornar ao Espírito” e de conhecer melhor o Deus que habita no coração dos fiéis e seus dons maravilhosos.

As cartas de Helena foram um clamor de Deus para a Santa Igreja Católica, um despertar de um novo pentecostes, mas, como tudo que vem da parte de Deus precisa passar pelo fogo da provação, com ela também não foi diferente, pois, embora as cartas tenham sido bem acolhidas pelo Santo Papa na Comunidade de Luca, a maioria das irmãs ficaram contra ela e suas ideias. Chegaram ao ponto de retirá-la da direção da Obra que ela fundara. Foi um tempo de sofrimento e humilhação, onde, mais uma vez, Helena aceitou a boa e agradável vontade do Senhor com o mesmo carinho e amor.

Era um sábado santo, dia muito esperado pelas irmãs Obreiras do Espírito Santo porque, pela primeira vez, receberiam o hábito da Congregação recém fundada. E aconteceu que, logo depois de receber seu hábito, a Irmã Helena Guerra entregou sua alma a Deus. Era o dia 11 de abril de 1914. Ela foi sepultada na Igreja de Santo Agostinho, na cidade de Luca.

Helena morre, mas seus escritos ainda ressoaram como voz de Deus por anos, até que o Papa João XXIII a proclamou Beata em 1959 e convocou o Concílio Vaticano II, espalhando por todo o mundo a oração ao Espírito Santo, pedindo que Ele renovasse a Igreja com as maravilhas de Pentecostes.

Que hoje a beata Helena Guerra interceda por nós, para que tenhamos essa coragem de, mesmo dotados de habilidades úteis e rentáveis para nós, consigamos escolher a parte que não nos será tirada nos livrando do egoísmo para sermos instrumentos do Doce Hóspede da alma, o Santo Espírito.

Iali Nogueira Mendonça

Consagrada na dimensão de Aliança da Comunidade Mariana Boa Semente

Tecnóloga em Gestão Comercial pela FALS

Ministra da Sagrada Comunhão – Paróquia de São João Batista, Cedro/CE

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